quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vale tudo na disputa pela cadeira do Palácio do Planalto?


A um mês das eleições, o que se vê é uma corrida acirrada para ver quem chega primeiro. É nessa hora que muitos candidatos se desesperam e fazem de tudo para alcançar seus objetivos.

Na semana passada, o caso da quebra do sigilo fiscal de Veronica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, ganhou espaço na internet, nos noticiários de TV, nos jornais, nas revistas e também no twitter. O candidato tucano, que de acordo com Pesquisa DataFolha da última segunda-feira, dia 6, tem apenas 28 porcento dos votos contra 50 da candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a usar o fato para angariar votos, acusando a petista de ser responsável pelo, que chamou de “ato criminoso”.

Em seu blog, a jornalista e cientista política, especializada em eleições, Lucia Hippolito, critica a postura do governo perante o episódio. Para ela, o assunto está sendo tratado com bastante leviandade e descaso, sendo que abala a credibilidade de uma instituição do Estado brasileiro, a Receita Federal. A jornalista também critica o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, por ter declarado que "Vazamento sempre houve". A sensação é de que não haverá investigação para pôr fim a essas irregularidades e que vale tudo para proteger a candidata e sua campanha.

Já o também jornalista Reinaldo Azevedo, que possui uma coluna na revista Veja, criticou, no último dia 7, a ação do presidente Lula. Para proteger Dilma das acusações, o político chamou o tucano José Serra de “o candidato da turma do contra”, aquele que “torce o nariz para tudo”, e acusou a oposição de inventar mentiras cometendo um crime contra o Brasil e de ter preconceito contra a mulher. Depois de ver Lula usando sua popularidade para pedir carta branca à sociedade para fazer o que bem entende, Reinaldo afirma que o presidente não tem compromisso nenhum com a democracia e após, acusar o PT da quebra de sigilo, o jornalista comparou as ações com a ditadura. Fazendo referências ao fato histórico, ele argumentou que o partido fraudou o sigilo fiscal e bancário de adversários, organizou bunkers de bandidos para produzir dossiês e quis criar constrangimentos morais para que as pessoas exercessem o direito de recorrer à Justiça.

Já a revista Época, em matéria de capa publicada na edição do dia 4, afirmou que “em queda nas pesquisas, José Serra explora o grave crime da violação do sigilo fiscal de sua filha Veronica para tentar levar a eleição presidencial para o segundo turno”. Segundo a publicação, o ocorrido foi o que faltava para tirar as eleições presidenciais de um desfecho previsível no primeiro turno. O tucano, que não tinha argumentos para encarar a disputa com Dilma, que até então tinha grande índice de aprovação, passou a ter um rumo e talvez consiga evitar que tudo acabe no dia 3.
O interessante dessa matéria, é que mesmo ninguém sabendo o que pode acontecer, ela aponta alguns possíveis pontos de vista que o eleitor pode ter sobre o escândalo.
Para a tristeza do PSDB, o caso pode cair no esquecimento do eleitorado, por ser um caso distante do cotidiano da maioria deles, e também por estarem ultimamente animados com as facilidades de crédito, a expansão do poder de consumo e o crescimento da economia. Por outro lado, a memória dos cidadãos pode ser refrescada trazendo de volta à tona, o episódio dos aloprados. Nas eleições de 2006, quando Geraldo Alckmin enfrentava o atual presidente Lula, petistas foram presos em flagrante depois de tentar comprar, com dinheiro de origem ilegal, um dossiê contra tucanos.

Como visto, existem diversos lados do episódio, muitos argumentos e pontos de vista, “e o efeito eleitoral do escândalo ainda é incerto”.
O que nos resta é acompanhar o rumo e as consequências disso projetadas no dia da votação.


  ♪ Podcast do dia:  Bagunça na política   ♪

Em programa veiculado na rádio CBN, no dia 3, o escritor e crítico Arnaldo Jabor também comentou o fato. Ouça abaixo “Os sigilos quebrados e os vários conceitos de democracia”.




3 comentários:

  1. Oi Laura, bom saber que existem mais jovens interassados em política. Vou recomendar alguns links de blogs que eu gosto.

    www.luisnassif.com.br
    www.paulohenriqueamorim.com.br
    www.viomundo.com.br

    Abs,

    André

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  2. Well, o caso do sigilo não teve impacto nas intenções de voto, segundo o DataFolha. Dilma ainda venceria as eleições no primeiro turno, de acordo com os resultados apontados na última pesquisa.

    Agora, você poderia aproveitar o 'clima redacional' em que está e contar o impacto que escândalos como esse causam por aí. O esquerdismo acirrado de alguns jornalistas faz fama, o que enriquece (ou empobrece as discussões). Contar o que acontece aí, nesse sentido, seria ótimo!

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  3. Oi André,
    Pois é, tem pouco tempo que passei a ficar mais interessada por essa área, vamos ver no que dá. Obrigada pelas indicações.

    Caíque,
    Quando eu postei o texto ainda estava muito no começo do escândalo e ainda não dava pra se saber se ele teria impacto nas intenções de voto ou não. Mesmo agora, não podemos afirmar que não teve. Nas pesquisas, Dilma já estava na frente e continuou crescendo, o que não quer dizer que seja por causa de um impacto negativo que o escândalo provocou.
    Obrigada pela sugestão de pauta.

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