Que o voto, na prática, não é tão mais secreto, todo mundo já sabe. Sem falar nos militantes, podemos ver que muitos eleitores abrem o voto e defendem publicamente seus candidatos nas ruas, no trabalho, seja onde for.
Mas qual será o motivo que essas pessoas têm para colar adesivos em seus carros, tentar convencer outras pessoas a votar no seu candidato e vestir, literalmente, a camisa dele?
Mudanças A aposentada Eliane Moura, que está insatisfeita com o atual governo comandado pelo presidente Lula (PT), diz que vai votar em José Serra (PSDB), porque quer ver o país mudando com novas propostas. Como ex-funcionária federal, ela queixa do descaso e falta de investimentos do governo do PT, principalmente em setores como a saúde e educação. "Sem saúde ninguém consegue estudar, e sem estudar, não consegue enxergar o que acontece no país”. E acrescenta: "As pessoas têm que pensar muito na hora de votar. O brasileiro tem que ver o que está acontecendo no país, pensar em quem vai governar o Brasil durante quatro anos e não só em benefícios a curto prazo”, afirma.
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Eliane Moura acredita na dobradinha saúde e educação para uma verdadeira mudança na estrutura do país |
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Ideal Luciana Nunes, que atualmente cursa Serviço Social na PUC Minas, conta que o motivo que a faz defender publicamente Dilma Rousseff (PT) é a crença no projeto de governo da candidata. “É um projeto que a gente viu que deu certo, especialmente na área social. Nunca se viu tantas pessoas entrando na faculdade e saindo da linha de miserabilidade, e por isso é um projeto que eu defendo”, argumenta. A estudante acredita também que para o governo dar certo é importante levar em conta toda a população e principalmente as áreas de maior risco social.
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Luciana Nunes participou do movimento “Abraço na Contorno”, e vê a possibilidade de concretização de um ideal em que ela acredita |
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Experiência “Esse ano está difícil escolher o candidato. Não estou satisfeito com nenhum dos dois, mas como não acho certo votar nulo e nem branco, escolhi alguém que eu conheço mais”. É o que pensa João Alves, que no primeiro turno votou na candidata do PV, Marina Silva, na esperança de ver suas propostas saírem do papel. Agora que ela não foi eleita, o mecânico aposta no candidato tucano para a presidência. “Na verdade, não tive muita escolha. Não conhecia bem a Dilma e não gostei dela usar o Lula para se promover. Aí resolvi apoiar o Serra, que já fez muito pela saúde”, diz.
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Na dúvida, João Alves optou por defender um candidato em que ele acredita ter mais experiência na carreira política |
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Tradição Alexandra Braz, que no momento está desempregada, diz estar satisfeita com a atual política nacional. “Há oito anos, a gente não tinha os benefícios que temos hoje. Tem muita gente na favela fazendo faculdade graças ao ProUni”, afirma.
Ela diz que começou a votar no PT por influência da irmã, e que por ver tantas mudanças, nunca trocou de partido. “Ela dizia que a gente tinha que ir contra o proletariado. A gente vai crescendo e começa a entender. No meu tempo, por exemplo, não existiam tantos benefícios. É por isso que eu acredito que a Dilma vai melhorar o que o Lula já fez e vai fazer mais ainda pelo povo”.
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Alexandra Braz votou pela primeira vez influenciada pela irmã. Esse ano ela incentivou a família toda a torcer pela sua candidata |
Fotos: Laura Zschaber
♫ ♪ Podcast do dia: Uma eleição suja ♫ ♪
Torcer pelo candidato faz bem, porém o que anda se vendo nessas eleições é uma torcida longe de ser saudável. Essa atitude pode ter sido motivada pela pela falta de decoro dos próprios políticos. É que a troca de farpas entre os rivais, coisa muito comum, ainda mais no segundo turno, chegou a um nível muito baixo. O que se vê durante os comícios e passeatas é pessoas agindo de forma violenta e desrespeitosa.
Mais uma vez, a jornalista e cientista política especializada em eleições Lúcia Hippolito nos conta, em entrevista à rádio CBN na última quinta-feira, 21, um pouco do que está acontecendo nas ruas. Confira abaixo a entrevista na íntegra.